As pessoas costumam dizer que gostariam de se dividir em mais partes para darem conta de tudo o que a vida lhes apresenta. Pensando bem, acho que a palavra certa não seria dividir, e sim multiplicar. Já fiz isso através da mente, no único ambiente no qual isso é possível: o dos sonhos.
Certa noite, mergulhada num sonho fantástico, pude fazer uma espécie de mitose. E o melhor, eu podia assistir e controlar aqueles meus avatares. Como se o meu ‘eu superior’ ficasse numa sala de comando, a par de tudo o que acontecia no meu mundo. Dessa forma, eu não deixava ninguém na mão. Enquanto uma Letícia comparecia aqui, a outra comparecia ali. Uma maravilha. A família não ficava desapontada, nem o namorado, nem os amigos. Eu não deixava a desejar no serviço, nem em casa. Ainda conseguia ir a todas as atividades de lazer que eu me propunha. Havia tempo e disposição para tudo. Até que senti uma sensação estranha, como se eu estivesse desmanchando, derretendo, me transformando numa geléia, numa pangéia, até que a meleca toda se uniu e, eu acordei. Inteira. Em uma única versão 2.4.
A realidade é que somos donos de apenas um corpo e um espírito. O nosso cérebro processa tudo o que nos é essencial. A vontade de agradar a todos pode ser forte, mas importante mesmo é saber viver o presente de maneira equilibrada e saudável, sempre respeitando os nossos limites.
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